IF Análises Historiográficas

A segunda metade do século XIX e as primeiras décadas do XX foram profícuas em propostas e tentativas de criar novos espaços urbanos, enteados, na maioria das vezes, por esse caráter utópico. As questões suscitadas e as soluções sugeridas partiram desse universo comum e igualmente se debatiam em busca de soluções sobre questões comuns e que, de certa forma, estão presentes até hoje nas discussões sobre o espaço urbano, quando são abordados problemas essenciais como a gestão e a administração das grandes cidades, o crescimento e obstrução das mesmas, a habitação, bem como questões ambientais, e por que não dizer de sustentabilidade, entre outras.

• ao processo de desarticulação dos trabalhadores em meio ao avanço do liberalismo.

• ao avanço de um modelo de urbanização associado à industrialização.

• aos impactos do avanço tecnológico no setor da construção civil na Europa.

• ȧ manutenção de um modelo urbano associado à criação do Estado Moderno.

• aos movimentos de defesa do meio ambiente que se opunham à industrialização.

As civilizações antigas ergueram suas cidades ao redor de seus templos, Partindo de um ponto-fixo dentro de um espaço homogêneo eles definem o espaço sagrado de forma qualitativa em contraposição do caos advindo do espaço homogêneo. O Antigo Egito floresceu, entre outros fatores, ao redor de sua religiosidade. Suas divindades complexas e sua cosmologia foram um importante meio de controle social e legitimação de poder.

De acordo com o trecho, os templos nas cidades do Antigo Egito:

• legitimavam o poder dos sacerdotes no controle urbano.

• eram espaços de convívio dos habitantes das cidades.

• eram o ponto de referência da organização urbana.

• mantinham forte controle sobre as decisões do faraó.

• articulavam os contatos entre a vida doméstica e a religiosa.

Ao longo das estradas de peregrinação desenvolveu-se no século XII um certo turismo, que faz sobretudo desvios para visitar igrejas que contêm relíquias. As cidades parecem cada vez mais tornar-se polos de atração desse turismo incipiente e a beleza de alguns monumentos parecem cada vez mais fazer parte dessa atração.

• turismo e evangelização.

• estradas e ampliação das viagens.

• peregrinação e urbanização.

• monumentos religiosos e relíquias.

• igrejas e desenvolvimento urbano.

A cidade da Idade Média é um espaço fechado. A muralha a define. Penetra-se nela por portas e nela se caminha por ruas infernais que, felizmente, desembocam em praças paradisíacas. Ela é guarnecida de torres, torres das igrejas, das casas dos ricos e das muralhas que cercar. Lugar de cobiça, a cidade aspira à segurança. Seus habitantes fecham suas casas à chave, cuidadosamente, e o roubo è severamente reprimido

O trecho associa, fundamentalmente, a presença das muralhas da paisagem urbana medieval:

• ao aspecto religioso.

• à presença das portas.

• ao predomínio das praças.

• à necessidade de proteção.

• à repressão aos roubos.

Leia o trecho a seguir sobre a questão das muralhas nas metrópoles contemporâneas.

Tanto a cidadela quanto a muralha, desde muito eram obsoletas, nas grandes capitais, mas, no próprio momento em que desapareceram, uma rede de controles organizacionais, concentrados na capital dominante e ramificados pela comunicação instantânea com toda parte, passou a existir e desempenhou as mesmas funções, de maneira mais eficiente. Na mesma medida em que os novos poderes eram obscuros, impossíveis de fixar ou de enfrentar [...], todos eram ainda mais eficientes. Era possível romper a muralha de uma cidade ou matar um rei: mas como se poderia atacar um cartel internacional?

De acordo com o trecho, as muralhas se tornaram obsoletas:

• em função das novas estruturas da sociedade capitalista.

• pela perspectiva de se construir muros para proteger os ricos.

• em função dos novos aparatos policiais.

• pela eficiência política dos cartéis.

• pela intensa mobilidade urbana e rural.

A indústria colocou para a cidade questões novas - ela é ao mesmo tempo seu espetáculo e seu inferno. E sob seu desígnio que se gera a diversidade - de produtos, de populações que faz a cidade industrial um universo estimulante e vibrante; que faz com que se amplie ao infinito a capacidade humana de inventar. Mas, se a possibilidade de superação dos constrangimentos da natureza na cidade industrial não tem mais limite, não tem mais limite também a capacidade de destruição e violência.

Espetáculo e inferno, mencionados no trecho, poderiam ser associados respectivamente a:

• diversidade de mercadorias e ampliação da violência.

• dimensão das metrópoles e estímulos visuais.

• ampliação das imigrações e superação da vida rural.

• ampliação dos convívios e capacidade industrial.

• destruição de monumentos e ampliação das cidades.

Na cidade industrial, o desequilíbrio entre oferta e procura de alojamento abre caminho à sobreposição dos interesses económicos sobre o desenho urbano. Os processos de loteamento e edificação desligam-se da arte urbana e da arquitetura e vão-se tornando meros instrumentos de preparação do solo para o investimento e a construção. A especulação fundiária é desde logo incompatível com o desenho urbano.

Nas cidades industriais da primeira metade do século XIX, a descrição do trecho pode ser relacionada a:

• construção de fábricas e crescimento dos cortiços.

• estações de trem e desaparecimento das igrejas.

• poluição dos rios e degradação do meio ambiente.

• iluminação pública e diminuição da criminalidade.

• alargamento das ruas e mobilidade urbana.

[...] o novo bulevar parisiense foi a mais espetacular inovação urbana do século XIX, decisivo ponto de partida para a modernização da cidade tradicional. [...] Os novos bulevares permitiram ao tráfico fluir pelo centro da cidade e mover-se em linha reta, de um extremo a outro [...]. Além disso, eles eliminaram as habitações miseráveis e abriram espaços livres em meio a camadas de escuridão e apertado congestionamento, [...] Pacificaram as massas, empregando dezenas de milhares de trabalhadores - o que às vezes chegou a um quarto da mão de obra disponível na cidade em obras públicas de longo prazo, as quais por sua vez gerariam milhares de novos empregos no setor privado.

O trecho estabelece relações entre:

• A urbanização e controle demográfico.

• obras públicas e geração de empregos.

• desapropriações e revolução social.

• bulevares e consumo popular.

• mobilidade urbana e preservação histórica.

O processo de formação da cidade de Salvador constituiu um exemplo típico de desenvolvimento de espaços multifuncionais. [...] O conjunto formado pela Praça da Câmara constituía o núcleo social mais importante da cidade e [...] representou a primeira praça cívica brasileira. Apresentava um centro administrativo, onde se "reunia a Casa de Câmara e Cadeia, o paço do governador da colônia, a Relação, os negócios da fazenda e a alfândega. No centro da nova cidade projetada, a praça marcava urbanisticamente o seu caráter de capital." No seu espaço, ocorriam festividades cívicas e religiosas, encenações, paradas e desfiles.

A descrição da praça de Salvador traz indícios:

• da presença da Coroa portuguesa no processo de urbanização.

• da irregularidade do terreno em que a cidade foi construída.

• do poderio da Igreja católica na gestão urbana durante a colonização.

• do papel do estado na manutenção do pacto colonial.

• do caráter rural da formação da sociedade brasileira.

As transformações que São Paulo sofreu no século XIX foram registradas por inúmeros fotógrafos, que buscavam registrar o espírito supostamente moderno da capital paulista. Sobre isso, leia o texto a seguir.

A fotografia Integra-se de forma ativa na construção da imagem pretendida para a capital, não só pela difusão de seu novo desenho urbano e de sua arquitetura, mas também por permitir a seleção de partes da cidade consideradas aptas à representação da "metrópole moderna".

Sobre o papel da fotografia ao retratar a cidade, o trecho ressalta:

• sua neutralidade na escolha dos locais a serem fotografados.

• seus vínculos com a projeção de uma metrópole moderna.

• a integração ativa com os problemas sociais da urbanização.

• a seleção de partes da cidade para compor o perfil econômico.

• a preocupação em detalhar todo o desenho urbano.