teste: conteúdos do 2° trimestre - Filosofia I

Em Paranavaí, como em qualquer cidade, usamos apelidos e gírias para nos referirmos a diferentes grupos de jovens, como "o pessoal do skate", "as patricinhas do centro" ou "os nerds da biblioteca". Às vezes, esses termos são brincadeiras inofensivas, mas outras vezes podem se tornar rótulos que diminuem ou ofendem as pessoas, influenciando como elas são vistas e tratadas na escola ou nos rolês. Considerando essa situação, podemos afirmar que a linguagem, na vida em sociedade, possui uma dimensão:

• Apenas funcional, servindo unicamente para transmitir informações objetivas sobre quem são as pessoas.

• Neutra, pois as palavras em si não têm poder; o que importa é a intenção de quem fala, que nem sempre é compreendida.

• Individualista, já que cada um tem a liberdade de se expressar como quiser, e cabe ao outro não se ofender com apelidos ou gírias.

• Política e ética, pois as escolhas de nossas palavras têm o poder de incluir ou excluir pessoas, reforçando preconceitos ou promovendo o respeito nas nossas relações sociais.

• Estética, cuja principal preocupação é a originalidade e a criatividade das gírias, independentemente de seu impacto social.

Pense nas histórias que seus avós contam sobre como era a vida em Paranavaí antigamente, nas receitas de família que passam de mãe para filha, ou até mesmo nas músicas sertanejas que falam sobre o modo de vida no interior do Paraná. Tudo isso forma a nossa cultura e só chega até nós porque pessoas usaram a linguagem para compartilhar essas experiências. O texto ressalta que a linguagem é o veículo fundamental para a continuidade da cultura humana porque ela:

• Garante que as tradições, como as festas e os costumes locais, permaneçam exatamente as mesmas, sem sofrer nenhuma alteração com o passar do tempo.

• Substitui completamente a necessidade de vivermos nossas próprias experiências, pois podemos aprender tudo apenas ouvindo os mais velhos.

• Funciona como uma ponte entre as gerações, permitindo que conhecimentos, valores e práticas sociais sejam transmitidos, preservados e até transformados.

• Torna todas as culturas do mundo iguais, já que a linguagem permite que todos conheçam os costumes uns dos outros e os copiem.

• Existe de forma mais rica apenas em culturas que desenvolveram a escrita, sendo as tradições orais consideradas menos importantes para a memória de um povo.

Imagine que um dos seus amigos posta nas redes sociais uma série de stories contando sobre uma viagem incrível que fez, ou sobre como superou uma dificuldade pessoal. Ao fazer isso, ele não está apenas relatando fatos; ele está organizando suas memórias, dando um sentido para aquela experiência e compartilhando com os outros uma parte de quem ele é. De acordo com essa ideia, a linguagem, ao nos permitir criar e compartilhar narrativas (reais ou fictícias), é crucial para a condição humana, pois:

• Oferece uma fuga da realidade, permitindo que as pessoas ignorem os problemas concretos de suas vidas em Paranavaí e vivam em um mundo de fantasia.

• Limita nossa imaginação, pois ao contar uma história, somos forçados a seguir uma estrutura lógica e com começo, meio e fim.

• Ajuda-nos a organizar nossas experiências, a construir nossa identidade (quem eu sou) e a explorar os diversos significados e possibilidades na vida

•  Fornece respostas definitivas e universais para os grandes dilemas da existência, como o sentido da vida ou da morte.

• Prova que as histórias inventadas (ficção) são sempre mais interessantes e valiosas do que os acontecimentos reais.

(ENEM Adaptada) "Aquele que ousa dizer não à evidência do mundo falado, mesmo que seja um mundo de horror, fala para fazer nascer um contra-mundo, isto é, um novo modo de ser. A recusa da linguagem corrente é uma das proezas maiores do homem." (Octavio Paz) No dia a dia, muitas vezes repetimos ideias ou opiniões que ouvimos na internet ou na televisão sem refletir muito sobre elas. O poeta Octavio Paz, no texto acima, sugere que a linguagem pode ter um papel libertador e transformador. Segundo ele, essa proeza acontece quando o indivíduo:

• Aceita passivamente todas as opiniões e discursos que são considerados "normais" pela maioria para evitar conflitos.

• Memoriza o maior número possível de palavras difíceis para demonstrar erudição e vencer debates.

• Utiliza a linguagem de forma crítica e criativa, questionando as "verdades" estabelecidas e se atrevendo a propor novas formas de ver e entender a realidade.

• Isola-se do mundo e para de se comunicar, pois considera a linguagem uma fonte de engano e horror.

• Usa a linguagem apenas para descrever a realidade como ela é, sem nunca expressar seus próprios sentimentos ou projetos de mudança.

Durante um debate na Câmara de Vereadores de Paranavaí sobre a construção de um novo parque para a juventude, um político apresenta dados técnicos, estatísticas e argumentos lógicos para convencer a todos de que seu projeto é o melhor. Ele busca persuadir pela força dos fatos e da razão. Já outro político, para defender uma ideia diferente, conta uma história emocionante sobre sua infância, usa metáforas e um tom de voz que inspira confiança. Ele busca persuadir pelo apelo à emoção e aos valores do público. Essa situação ilustra a importância da Retórica, a arte de usar a linguagem para persuadir. A partir do exemplo, podemos concluir que:

• Apenas o discurso baseado em dados técnicos e lógicos é válido, pois a emoção não tem lugar na política ou em decisões importantes.

• A Retórica é uma forma de manipulação e engano; portanto, todo discurso que tenta nos convencer de algo é, por natureza, desonesto.

• Um bom argumento não precisa de Retórica, pois os fatos sempre falam por si mesmos e convencem a todos igualmente.

• A Retórica envolve diferentes estratégias de persuasão (seja pela lógica, seja pela emoção), e saber identificá-las é fundamental para analisarmos criticamente os discursos que ouvimos.

• O político que usa a emoção é sempre mais eficaz, pois as pessoas são mais influenciadas por sentimentos do que pela razão.

IPense em um grupo de amigos no WhatsApp decidindo o que fazer no fim de semana em Paranavaí. Um sugere ir ao cinema, outro quer ir ao Bosque Municipal, e um terceiro propõe ficar em casa jogando videogame. Para chegarem a um acordo que agrade a todos, eles precisam mais do que apenas "dar ordens" ou "vencer" a discussão.

Inspirados na Teoria do Agir Comunicativo do filósofo Jürgen Habermas, o caminho para um consenso verdadeiro e democrático nesse grupo seria:

• O membro mais popular do grupo impõe sua vontade, e os outros aceitam para não criar atrito, mesmo que não concordem.

• A discussão se transforma em uma disputa para ver quem tem o argumento mais 'esperto' ou quem grita mais alto, e a maioria vence pela pressão.

• Todos apresentam suas sugestões com sinceridade, ouvem e buscam entender as razões dos outros, e estão dispostos a mudar de ideia para construir uma solução que faça sentido e seja justa para o coletivo.

• Eles desistem de conversar e cada um vai para um canto fazer o que quer, rompendo a amizade do grupo.

• O administrador do grupo silencia a todos e toma a decisão sozinho, acreditando que sabe o que é melhor para os outros.

O filósofo Wittgenstein comparou a linguagem a uma "caixa de ferramentas". Nela não há apenas um martelo para pregar pregos, mas também chaves de fenda, serras, alicates, etc., cada qual com uma função diferente. Da mesma forma, as palavras não servem apenas para "nomear coisas".

A analogia da "caixa de ferramentas" nos ajuda a entender que:

• O significado de uma palavra é fixo e universal, como uma ferramenta que só tem uma única utilidade possível.

• A função principal e mais importante da linguagem é sempre descrever o mundo de forma objetiva, como um cientista.

• Existe uma linguagem 'perfeita' e ideal que deveríamos buscar, onde não haveria dúvidas ou ambiguidades.

• O significado de uma palavra ou de uma frase depende do seu uso prático em uma situação real; usamos a linguagem para fazer coisas diferentes: pedir, brincar, ordenar, contar uma história, etc.

• Aprender uma língua é como colecionar ferramentas, onde o mais importante é a quantidade de palavras que você conhece, e não como usá-las.

Quando alguém diz a frase "Cuidado com o carro!" na porta da escola em horário de saída, o significado é claro: um aviso de perigo imediato. Se a mesma frase for dita por um amigo enquanto vocês admiram um carro de luxo na vitrine de uma loja, o significado muda completamente, expressando talvez admiração ou desejo.

Este exemplo, alinhado à filosofia de Ludwig Wittgenstein, demonstra que:

• A palavra 'carro' é confusa e deveria ser evitada em situações importantes para não gerar mal-entendidos.

• O tom de voz é o único fator que determina o que uma frase realmente significa.

• O contexto, a situação e a atividade em que estamos engajados são fundamentais para determinar o significado de nossas palavras e frases.

• A linguagem falada é imperfeita, e seria melhor se comunicássemos apenas por escrito, onde o sentido é sempre mais claro.

• Certas frases, como 'cuidado com o carro!', possuem um significado fixo que não deveria mudar, independentemente da situação.

Imagine a diferença entre a linguagem usada em uma partida de futebol narrada no rádio, a linguagem de uma receita de bolo, a linguagem de uma oração em uma igreja e a linguagem de um meme que viraliza na internet. Cada uma dessas situações tem suas próprias "regras" e objetivos. Para Wittgenstein, cada uma delas seria um "jogo de linguagem".

O conceito de "jogos de linguagem" enfatiza que:

• a) A linguagem é, em sua essência, uma forma de brincadeira e diversão, não devendo ser levada a sério.

• O objetivo de todo "jogo de linguagem" é competir para ver quem fala melhor e vence a discussão

• Falar uma língua é participar de diversas atividades sociais, cada uma com um conjunto próprio de regras e propósitos que dão sentido às palavras.

• As regrasAs regras da linguagem são rígidas e universais, como as do xadrez, e não mudam conforme a cultura ou o tempo. da linguagem são .

• Existe um "jogo" principal e mais correto, o científico, e todos os outros (como o religioso ou o poético) são menos importantes.

Um turista que não fala português chega a uma lanchonete no centro de Paranavaí e, para pedir um suco de laranja, ele aponta para a fruta no balcão e faz um gesto de quem está bebendo em um copo. Muito provavelmente, o atendente entenderá o que ele deseja.

A situação do turista ilustra a diferença entre os conceitos de LÍNGUA e LINGUAGEM, mostrando que:

• Língua e linguagem são exatamente a mesma coisa; o turista apenas usou uma "língua de gestos" improvisada.

• A língua portuguesa é desnecessariamente complicada, e seria melhor usar apenas gestos para a comunicação universal.

• A linguagem é uma capacidade humana ampla de se comunicar (usando gestos, sons, imagens), enquanto a língua (como o português ou o inglês) é um sistema de signos específico e estruturado.

• Mímicas e gestos são formas de comunicação ultrapassadas e muito inferiores à fala, não devendo ser consideradas

• Sem dominar a língua local (português), qualquer tentativa de comunicação está destinada ao fracasso total.