Teatro Vicentino - Linguagem, estrutura e estilo

Nas composições vicentinas, é frequente o recurso a personagens-tipo. A afirmação anterior é:

• verdadeira. Gil Vicente serve-se de personagens-tipo que representam um grupo, uma profissão ou uma classe social, com o intuito de elogiar as suas virtudes.

• verdadeira. Gil Vicente prefere recorrer a personagens-tipo, que representam uma classe social ou uma profissão, para sintetizar nestas os defeitos da sociedade.

• falsa. Gil Vicente priviligia personagens individualmente caracterizadas, já que o seu objetivo principal é criticar os vícios de cada um em particular.

• falsa. Apesar de existirem algumas personagens-tipo, a maioria das obras vicentinas elogia individualmente as personagens, como o faz com a alcoviteira do "Auto da Barca do Inferno".

O texto dramático divide-se em texto principal e texto secundário. Neste contexto, é correto afirmar que:

• o texto secundário engloba os atos das falas das personagens, incluindo não apenas os diálogos, mas também os monólogos e os apartes, essenciais à progressão temática.

• o texto principal engloba indicações sobre o vestuário e as expressões corporais das personagens, assim como as movimentações que estas devem ter em palco.

• o texto principal tem em conta as atitudes que as personagens devem adotar, assim como os gestos que devem fazer e a entoação com que devem proferir as palavras.

• o texto secundário corresponde ao conjunto de didascálias e indicações cénicas do dramaturgo, como a caracterização das personagens e os registos paraverbais.

Considerem-se as seguintes afirmações relativas às características do texto dramático. Seleciona a afirmação falsa.

• O texto dramático destina-se a ser representado, englobando diferentes formas de género, como a tragédia e o drama.

• O texto dramático assegura a simbiose entre diferentes tempos, misturando o tempo histórico com o tempo da representação e a altura em que a peça é escrita.

• Nas formas do género dramático, pode distinguir-se a tragédia da comédia.

• A mudança de cena ocorre sempre que há mudança de cenários ou momentos cruciais; a mudança de ato ocorre quando há entrada ou a saída de novas personagens.

Gil Vicente legou-nos uma vasta coletânea de textos dramáticos, tais como "Auto da Feira", "Auto da Índia", "Auto da Barca do Inferno", "Farsa de Inês Pereira", "Farsa das Ciganas" ou "Farsa dos Almocreves".

O que distingue os "autos" das "farsas" vicentinas?

• Farsas: forte crítica social, política e moral, satirizando os grandes membros eclesiásticos; Autos: peças de caráter religioso e profano, para criticar o povo e da burguesia.

• Farsas: discurso simples e coloquial, para facilitar a interpretação pelo povo e classes menos abastadas; Autos: peças mais complexas e que se destinam a superiorizar a alta aristocracia.

• Autos: dimensão satírica e irónica, destinando-se a provocar o riso do auditório; Farsas: peças de cariz trágico e melancólico, incitando o choro e a compaixão.

• Autos: de cariz religioso, escritas para moralizar a sociedade pela sátira de costumes; Farsas: caráter profano, com enredo curto e que retratam satiricamente situações do quotidiano.

Considerem-se as seguintes afirmações alusivas ao estilo e às principais características da obra do poeta dramaturgo.

Seleciona a afirmação falsa.

• A obra de Gil Vicente engloba comédias, farsas e moralidades, seguindo o rumo das manifestações teatrais precedentes.

• Gil Vicente pode ser considerado um escritor de transição, já que escreve numa época compreendida entre a Idade Média e o Renascimento.

• Apesar das semelhanças com o teatro da Idade Média, o teatro vicentino já possuía um espírito inovador e moderno, por influência do Renascimento.

• O teatro de Gil Vicente espelha a máxima latina "ridendo castigat mores" e que significa que a rir se corrigem os costumes e vícios da sociedade.

Considerem-se as seguintes afirmações relativas às características literárias de Gil Vicente.

Seleciona a afirmação falsa.

• O dramaturgo destaca-se pela capacidade de satirizar a sociedade sem atacar diretamente qualquer pessoa, daí a preferência por personagens-tipo.

• O dramaturgo destaca-se pela vasta coletânea de obras, escrevendo e representando autos nas cortes dos reis D. Manuel e D. João III.

• A obra vicentina é o espelho fiel da sociedade do século XVI, uma sociedade proeminente e sem grandes defeitos a apontar.

• Alguns dos temas criticados por Gil Vicente baseiam-se na corrupção dos membros do clero, no ócio e autoridade dos novos-ricos ou ainda nas injustiças sociais.

Uma das características da escrita de Gil Vicente é a sua capacidade de levar o auditório ao riso, enquanto satiriza e critica, simultaneamente, os principais defeitos da sociedade do seu século. Para tal, serve-se de diferentes tipos de cómico, desde o cómico de linguagem, ao cómico de situação e de caráter.

Neste contexto, é correto afirmar que:

• o cómico de caráter surge em resultado da própria situação apresentada, ou seja, das circunstâncias criadas pelas próprias personagens.

• o cómico de situação resulta do temperamento das personagens, que se manifesta nas suas ações, assim como na maneira de estar e agir.

• o cómico de linguagem resulta do uso de recursos linguísticos para incentivar o riso, como o calão, a ironia, as rezas ou os provérbios.

• o cómico de linguagem surge em resultado de um comportamento impróprio e desajustado das personagens, resultado da sua personalidade.