Aquarius, um mergulho de cabeça nas raízes do Brasil
O filme Aquarius narra a luta de Clara, [...] que resiste às investidas de uma construtora interessada em demolir o pequeno edifício em que vive, para construir no local um grande empreendimento imobiliário. […]
Clara é uma jornalista aposentada, viúva, mãe de três adultos e vive sozinha em frente à praia de Boa Viagem, em apartamento dos anos 1950 que é palco e testemunha de sua vida. A construtora, que já adquiriu todos os outros apartamentos do prédio, faz de tudo para conseguir convencer Clara a vender o imóvel para viabilizar o início das obras.[...]
No decorrer da trama, Clara se encontra com o jovem empreendedor nas dependências do prédio e questiona seus métodos de intimidação [...]. O jovem empreendedor, mantendo o comportamento de aparência afetiva, agora escandalosamente dissimulada, [...] diz reconhecer os motivos do apreço de Clara por seu apartamento, uma vez que a conquista do imóvel, em localização privilegiada, não deveria ter sido fácil para uma pessoa de pele com tom escuro. Neste momento, com a ameaça implícita e o racismo explícito, o filme denuncia a persistência nefasta da herança aristocrática de origem rural, baseada no trabalho do escravo africano implantado no Brasil durante a colonização portuguesa.