Casa com personalidade (Lívia Uhlmann)
No início da adolescência assisti a um documentário sobre a Marilyn Monroe que culmina em uma investigação sobre sua morte. Uma das coisas que a polícia notou em seu quarto é que não havia nada pendurado nas paredes, e que isso poderia ser um sinal de depressão. Olhando as paredes vazias do quarto dela, tive a sensação de que, sem pendurar nada pela casa, parece que você não quer se demorar naquele lugar, não pertence a ele e está só de passagem.
Sempre pensei que a nossa casa precisa ter personalidade, por mais que seja alugada, isso não deve ser uma desculpa para não dar a ela uma identidade. Recentemente me dei conta de que jamais terei uma casa chique, primeiro porque não tenho casa própria onde investir, segundo porque não tenho o que investir, terceiro porque as casas chiques são muito entediantes. [...]
PELLANDA, Luís Henrique; SANTOS, Marcio Renato dos; SILVA, Victor Augustos Graciotto (Orgs.). Ampliando Horizontes: poesia e ficção. Crônicas. Máquina de escrever: Curitiba, 2024. Fragmento.
1. No texto, no trecho “primeiro porque não tenho casa própria onde investir” (§2), o termo em destaque estabelece relação de