TEXTO PARA AS QUESTÕES DE 45 A 47. Romance II ou Do Ouro Incansável Mil bateias vão rodando sobre córregos escuros; a terra vai sendo aberta por intermináveis sulcos; infinitas galerias penetram morros profundos. De seu calmo esconderijo, o ouro vem, dócil e ingênuo; torna-se pó, folha, barra, prestígio, poder, engenho... É tão claro! — e turva tudo: honra, amor e pensamento. Borda flores nos vestidos, sobe a opulentos altares, traça palácios e pontes, eleva os homens audazes, e acende paixões que [alastram sinistras rivalidades. Pelos córregos, definham negros a rodar bateias. Morre-se de febre e fome sobre a riqueza da terra: uns querem metais luzentes, outros, as redradas pedras. Ladrões e contrabandistas estão cercando os caminhos; cada família disputa privilégios mais antigos; os impostos vão crescendo e as cadeias vão subindo. Por ódio, cobiça, inveja, vai sendo o inferno traçado. Os reis querem seus tributos, — mas não se encontram [vassalos. Mil bateias vão rodando, mil bateias sem cansaço. Mil galerias desabam; mil homens ficam sepultos; mil intrigas, mil enredos prendem culpados e justos; já ninguém dorme tranquilo, que a noite é um mundo de [sustos. Descem fantasmas dos [morros, vêm almas dos cemitérios: todos pedem ouro e prata, e estendem punhos severos, mas vão sendo fabricadas muitas algemas de ferro. Cecília Meireles. Romanceiro da Inconfidência. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1977.
45 221FUV_1F_QUI_EW_L2_Q01 No poema apresentado, tecem-se críticas a uma problemática nas minas de extração de metais nobres. Sobre o poema e os metais citados, é correto afirmar que, no trecho: