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Ainda estou aqui é drama universal com Fernanda Torres brilhante
Novo filme de Walter Salles tem técnica impecável e história emocionante
Quando Ainda estou aqui estreou no Festival de Veneza, um dos grandes eventos da temporada do Oscar, o burburinho em torno do filme tomou a internet. Postagens brasileiras e de veículos da mídia estrangeira praticamente cravaram o novo filme de Walter Salles como um grande pretendente para as listas de premiações que saem no início de 2025 - inclusive, do Oscar.
Não há exagero algum neste movimento. A adaptação do livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva talvez seja a melhor oportunidade para o Brasil colocar uma produção nas listas de melhores filmes internacionais dos prêmios em 20 anos. O filme é um drama simples e universal - que, mesmo tendo especificidades sobre a história do Brasil, reverbera em uma audiência de qualquer nacionalidade. Por isso, não é surpresa que a boa recepção tenha sido global.
No centro dessa história está Eunice (Fernanda Torres), esposa de Rubens Paiva (Selton Mello), ex-deputado, cassado após o golpe de 1964, que é sequestrado pelo regime militar e nunca mais volta para casa. [...]
Entretanto, o foco do enredo é a família. Mesmo nos momentos de violência dos militares, Salles está mais preocupado com as reações de Eunice e dos filhos. Privilegiados e de prestígio social, os Paiva vivem na esquina da Avenida Delfim Moreira, um dos pontos mais valorizados da Zona Sul carioca. Uma grande casa, cada criança com seu quarto, boas bebidas, charutos e refeições com os amigos. O problema é que, entre a residência deles e a faixa de areia da praia, estão as ruas controladas pelo exército - e, pela televisão, movimentos armados aparecem no noticiário sequestrando mais um embaixador, em troca da libertação de presos.
Essa sombra é a maior ameaça para a família na primeira parte do filme. Algo que parece se aproximar deles e que Eunice teme a cada ligação que Rubens recebe. Quando ela de fato chega na vida dos Paiva, Salles, que conhece de perto essa elite da cidade, utiliza o fascismo do governo militar para extirpar tanto os direitos dos cidadãos quanto os privilégios que a família tinha. O suspense dá lugar ao drama de prisão, que depois passa para o trauma familiar. Essa dinâmica que o diretor impõe dá um ritmo mais ágil à trama, sem que a força da tragédia do sequestro e a falta de informação se perca nas mais de duas horas da produção. [...]
Disponível em: https://omelete.com.br/filmes/criticas/ainda-estou-aqui-critica-filme. Acesso em: jan. 2025. Fragmento.
No trecho "O problema é que, entre a residência deles e a faixa de areia da praia, estão as ruas controladas pelo exército", a expressão "faixa de areia da praia" pode ser substituída, sem alterar o sentido do texto, por: