2ª Série - Sociologia: Cap. 4 e 5 - 2º BIM

Ao estudar sociedades não ocidentais, os primeiros antropólogos enfrentaram o desafio de compreender culturas profundamente diferentes da sua. Para lidar com isso, surgiu o conceito de relativismo cultural, defendido por autores como Franz Boas. Essa abordagem rompe com a perspectiva etnocêntrica e propõe que cada cultura deve ser compreendida dentro de seus próprios valores e lógicas internas.

A adoção do relativismo cultural pela Antropologia contribuiu para:

• universalizar os valores ocidentais como parâmetros éticos universais.

• justificar práticas culturais opressoras com base no determinismo biológico.

• estabelecer padrões hierárquicos entre as culturas humanas.

• reconhecer a diversidade cultural e combater julgamentos baseados em etnocentrismo.

• aplicar um modelo evolucionista para classificar as culturas em mais ou menos desenvolvidas.

A partir da segunda metade do século XIX, pensadores como Edward Tylor buscaram compreender a diversidade cultural por meio da sistematização do conhecimento sobre diferentes povos. Para Tylor, a cultura evoluía linearmente, e os dados coletados em diferentes contextos podiam ser comparados para identificar estágios dessa evolução. Seu método baseava-se, muitas vezes, em relatos de viajantes, missionários e comerciantes, sem a observação direta das sociedades estudadas.

Sobre a utilização do método comparativo tyloriano, é correto afirmar:

• Trata-se de uma metodologia etnográfica rigorosa baseada em longas imersões nos contextos culturais estudados.

• O método comparativo permitiu a Tylor romper com o etnocentrismo ao valorizar igualmente todas as culturas humanas.

• A metodologia utilizada por Tylor foi criticada por generalizar os dados e desconsiderar as dinâmicas internas de cada cultura.

• O método de Tylor se antecipou ao relativismo cultural ao recusar modelos de classificação evolutiva das sociedades humanas.

• A sistematização tyloriana foi baseada na análise quantitativa de costumes tribais, com apoio em técnicas estatísticas modernas.

O antropólogo Franz Boas introduziu uma concepção inovadora ao afirmar que os costumes e práticas culturais devem ser compreendidos dentro do seu próprio sistema de valores e significados. Esse ponto de vista contraria a tendência de julgar culturas diferentes a partir dos valores da cultura ocidental, prática comum no pensamento europeu do século XIX.

A noção defendida por Boas está diretamente relacionada ao conceito de:

• aculturação, pois envolve a imposição de uma cultura dominante sobre outra.

• difusionismo, que explica a diversidade cultural a partir da disseminação de elementos culturais.

• multiculturalismo, que busca a integração harmônica de todas as culturas em uma mesma sociedade.

• evolucionismo cultural, que classifica as culturas em estágios de desenvolvimento progressivo.

• relativismo cultural, que propõe compreender cada cultura a partir de seus próprios valores.

O filósofo Karl Marx foi fortemente influenciado pelo pensamento hegeliano, sobretudo pelo método dialético. Contudo, Marx promove uma transformação profunda na forma como esse método é aplicado. Enquanto Hegel considerava que a história era movida pelas ideias em constante contradição e superação, Marx adaptou essa visão ao seu materialismo histórico.

Com base nessas informações, assinale a alternativa que expressa corretamente a principal diferença entre a dialética de Hegel e a de Marx.

• Hegel via a história como um processo cíclico, enquanto Marx acreditava na imutabilidade das estruturas sociais.

• Hegel entendia que as ideias moldavam a realidade, enquanto Marx afirmava que a realidade material moldava as ideias.

• Marx rejeitou completamente a dialética hegeliana, substituindo-a por uma abordagem positivista da história.

• Hegel via o conflito social como um obstáculo ao progresso humano, ao passo que Marx acreditava na harmonia natural das classes sociais.

• Tanto Marx quanto Hegel compreendiam a história como produto da ação divina, mas com métodos diferentes de análise.

Karl Marx desenvolveu uma crítica ao idealismo alemão, sobretudo à filosofia de Hegel, a quem reconhecia grande importância metodológica. Em suas "Teses sobre Feuerbach", Marx afirma que os filósofos apenas interpretaram o mundo de diferentes maneiras, mas o que importa é transformá-lo. Essa frase simboliza o deslocamento da filosofia especulativa para uma práxis revolucionária.

Considerando essa mudança de enfoque, a influência de Hegel no pensamento marxiano está mais claramente presente na:

• valorização das instituições religiosas como expressão da consciência coletiva da classe trabalhadora.

• defesa de uma sociedade comunista pautada em princípios morais universais oriundos da razão pura.

• adoção do método dialético para compreender e transformar a realidade concreta das relações sociais.

• crença de que a história caminha inevitavelmente para a realização do Espírito Absoluto.

• noção de que o capitalismo seria superado gradualmente por meio de reformas legais e consensuais.

Em sua crítica ao sistema capitalista, Karl Marx identificou que a alienação do trabalho ocorre quando o trabalhador perde o controle sobre o processo de produção e sobre o produto do seu trabalho, que passa a pertencer ao capitalista. Para Marx, essa alienação não é apenas econômica, mas atinge também a consciência do trabalhador, afetando sua relação com os outros, com a natureza e consigo mesmo.

Considerando essa concepção, a alienação do trabalho contribui para qual das seguintes consequências, segundo Marx?

• A valorização do trabalhador enquanto sujeito consciente de sua função social.

• O fortalecimento da identidade coletiva entre os trabalhadores e a cooperação entre classes.

• O aumento da mobilidade social e da meritocracia no sistema capitalista.

• A desumanização do trabalhador e sua transformação em uma mercadoria dentro das relações de produção.

• A superação do sistema capitalista por meio de reformas políticas progressistas promovidas pela burguesia.

 “A história de toda sociedade até hoje é a história das lutas de classes. Liberdade burguesa, igualdade burguesa, propriedade burguesa — são, portanto, conceitos que exprimem apenas a condição de existência da burguesia.”

    (MARX; ENGELS, Manifesto do Partido Comunista)

O trecho acima evidencia que a lógica de produção capitalista estabelece um antagonismo fundamental entre burguesia e proletariado. Considerando a teoria marxista, identifique qual das alternativas abaixo melhor expressa esse antagonismo:

• A burguesia detém os meios de produção, enquanto o proletariado vende sua força de trabalho, gerando uma relação de exploração.

• A burguesia e o proletariado participam de forma equivalente das decisões políticas, mas com diferentes estratégias de mercado.

• O proletariado domina o processo produtivo por meio da organização sindical, enquanto a burguesia controla apenas o consumo.

• Ambos os grupos se beneficiam igualmente do lucro gerado pela produção, pois o capitalismo garante distribuição justa de renda.

• A burguesia impõe controle cultural sobre o proletariado, mas não interfere na esfera econômica.

Analise o quadro hipotético na imagem ao lado, que mostra a evolução da participação na renda nacional de dois estratos sociais ao longo de cinco décadas num país capitalista.

Com base na teoria marxista de acumulação de capital, qual afirmação melhor interpreta essa tendência?

• O aumento contínuo da participação da burguesia indica que o proletariado conseguiu melhores condições salariais ao longo do tempo.

• A redução da fatia de renda do proletariado demonstra que a luta de classes se flexibilizou, favorecendo a igualdade social.

• O crescimento da parcela de renda da burguesia reflete a concentração de riqueza em um setor que controla os meios de produção, aprofundando a exploração.

• A diminuição da renda proletária se deve à adoção de tecnologias que democratizam o acesso aos meios de produção.

• A estabilidade das proporções de renda evidencia que o capitalismo tende ao equilíbrio entre classes sociais.

Karl Marx desenvolveu a concepção materialista da história como uma abordagem para explicar as transformações sociais ao longo do tempo. Segundo essa perspectiva, a estrutura econômica de uma sociedade influencia diretamente sua superestrutura (instituições políticas, jurídicas, culturais, etc.). Considerando essa análise, qual das alternativas apresenta corretamente a relação entre infraestrutura e superestrutura na teoria marxista?

• A superestrutura determina a infraestrutura, pois o sistema político orienta a organização econômica da sociedade.

• A infraestrutura e a superestrutura são independentes, funcionando autonomamente sem influência mútua.

• A infraestrutura condiciona a superestrutura, pois as relações de produção moldam as instituições e ideias dominantes na sociedade.

• A superestrutura pode modificar a infraestrutura de forma autônoma, sendo o principal agente das mudanças sociais.

• A infraestrutura reflete as ideias da superestrutura, que controla a produção material e econômica.

Bronislaw Malinowski, ao desenvolver o método etnográfico e formular o funcionalismo na Antropologia, propôs que cada elemento da cultura deveria ser compreendido a partir da função que exerce no interior do sistema social. Ao viver entre os trobriandeses, ele observou, por exemplo, a complexa rede de trocas chamada Kula, que não se limitava a interesses econômicos, mas mobilizava normas, rituais e relações sociais.

Com base na perspectiva funcionalista de Malinowski, é correto afirmar que:

• os elementos culturais são aleatórios e não cumprem funções sociais específicas.

• a função principal da cultura é promover a alienação do indivíduo frente à sua realidade material.

• cada prática cultural existe em razão de sua utilidade para a coesão e continuidade da sociedade.

• o entendimento das práticas culturais deve partir dos valores ocidentais como critério universal.

• a cultura deve ser compreendida como uma construção simbólica independente das necessidades humanas.