Avaliação Diagnóstica

A Psicoterapia Humanista-Existencial fundamenta-se em abordagens que valorizam a experiência subjetiva do indivíduo, enfatizando a liberdade, a responsabilidade e a busca de sentido na vida. A Gestalt-terapia, como vertente dessa abordagem, propõe o contato autêntico e a consciência plena do momento presente, trabalhando o aqui-e-agora como espaço terapêutico. No atendimento de adolescentes, essa abordagem considera aspectos como afetividade, construção da identidade e relações familiares, tendo ainda um olhar atento para questões sociais e culturais, incluindo temas como as relações raciais e a inclusão. O psicodrama de Moreno, ao dialogar com temas raciais no Brasil, resgata aspectos históricos do Teatro Experimental do Negro, contribuindo para compreender identidades e processos de exclusão social. A integração desses elementos na prática clínica demanda sensibilidade e profundo entendimento das bases teórico-vivenciais da abordagem.

Com base no exposto, assinale a alternativa que melhor expressa um princípio central da Psicoterapia Humanista-Existencial.

• Focar na interpretação inconsciente dos sonhos, priorizando a análise simbólica distante da vivência presente.
  
  

• Priorizar o controle comportamental por meio de reforços e punições estruturadas.
  
  

• Valorizar a subjetividade e o potencial de autorrealização do indivíduo no processo terapêutico.
  
  

• Aplicar exclusivamente técnicas cognitivas para modificar padrões de pensamento disfuncionais.
  
  

• Adotar uma postura diretiva, com ênfase em conselhos práticos e instruções de conduta.

O psicodrama, desenvolvido por Jacob Levy Moreno, é uma abordagem terapêutica que utiliza a dramatização como recurso para explorar conflitos internos, ampliar a consciência e promover mudanças. No contexto brasileiro, o psicodrama se entrelaça com questões raciais e históricas, encontrando no Teatro Experimental do Negro um espaço simbólico e concreto para práticas que desafiavam estereótipos e promoviam protagonismo negro. Ao trabalhar temas como “Negritude e Gestalt”, a psicoterapia humanista e existencial amplia o campo de intervenção para além do indivíduo, contemplando dimensões sociais e culturais. Essa perspectiva entende que as vivências de exclusão, discriminação e pertencimento são partes indissociáveis da experiência humana, influenciando diretamente o processo terapêutico.

Nesse contexto, qual é um dos objetivos centrais do psicodrama quando aplicado a questões raciais?

• Evitar temas sociais, concentrando-se apenas em conflitos pessoais.
  
  

• Reforçar papéis estereotipados para facilitar a catarse emocional.
  
  

• Criar um espaço de expressão e ressignificação de vivências ligadas à identidade e à história.

• Focar na memorização de roteiros dramáticos predefinidos.
  
  

• Neutralizar completamente aspectos culturais para garantir imparcialidade no processo.

A clínica gestáltica com adolescentes requer um olhar atento às especificidades dessa fase, marcada por transformações físicas, emocionais e sociais. A afetividade desempenha papel fundamental na construção da identidade, e o terapeuta, dentro de uma postura fenomenológica, busca compreender o adolescente sem julgamentos moralizantes, acolhendo suas experiências no presente. A Gestalt-terapia entende que o contato é a base do desenvolvimento humano e que a qualidade desse contato influencia diretamente o bem-estar. Ao lidar com adolescentes, especialmente em contextos contemporâneos permeados por questões raciais e de diversidade, a abordagem procura integrar compreensão empática e intervenção ética, permitindo que o jovem desenvolva recursos internos para lidar com os desafios.

Qual aspecto é mais característico da atuação da Gestalt-terapia com adolescentes?

• Priorizar exclusivamente o desempenho acadêmico do adolescente.
  
  

• Utilizar diagnósticos padronizados como único guia para a intervenção.
  
  

• Facilitar o contato autêntico e a consciência do momento presente.
  
  

• Adotar posturas moralizantes para orientar a conduta juvenil.
  
  

• Reduzir o trabalho terapêutico à aplicação de testes psicológicos.

A Psicoterapia Humanista-Existencial, ao abordar condições como a esquizofrenia, busca compreender o sujeito para além do diagnóstico psiquiátrico, considerando sua experiência vivida e as relações que estabelece com o mundo. O diálogo com a psiquiatria permite integrar diferentes saberes, mas a abordagem humanista-existencial prioriza a singularidade da pessoa, sua autonomia e seu potencial de transformação. Nesse sentido, o foco não está apenas na remissão dos sintomas, mas na reconstrução de sentidos e na reconfiguração das relações interpessoais. Essa prática envolve escuta qualificada, acolhimento e respeito às narrativas do paciente, entendendo que o sofrimento é parte da condição humana e não deve ser reduzido a um rótulo clínico.

De acordo com essa perspectiva, qual é a prioridade do terapeuta humanista-existencial no trabalho com pacientes com esquizofrenia?

• Enfatizar a experiência subjetiva e a reconstrução de sentidos de vida.

• Controlar rigidamente os comportamentos por meio de condicionamento operante.

• Ignorar o relato pessoal, priorizando a objetividade do laudo médico.
  
  

• Restringir a intervenção ao uso de medicamentos.
  
  

• Definir metas terapêuticas sem a participação do paciente.

Na clínica psicanalítica, a entrevista inicial constitui o momento de estabelecer o primeiro contato entre analista e paciente, sendo decisiva para criar o vínculo terapêutico e avaliar a analisabilidade do caso. Esse encontro envolve a escuta atenta, tanto do conteúdo verbal quanto dos aspectos não verbais, permitindo que o terapeuta compreenda a demanda e os elementos inconscientes que se manifestam no discurso e na postura do paciente. Além de acolher, o analista observa resistências iniciais e indícios de transferência, que poderão se intensificar ao longo do processo. É também nesta etapa que se define o setting, ou seja, o enquadre técnico que sustentará a continuidade das sessões, incluindo regras como horários, frequência e honorários, essenciais para a estabilidade do trabalho analítico.

Com base nessas informações, a função principal da entrevista inicial na psicanálise é:

• Garantir que o paciente compreenda a teoria psicanalítica antes de iniciar o tratamento.
  
  

• Determinar, com base em exames laboratoriais, a origem biológica dos sintomas.

• Estabelecer vínculo, avaliar analisabilidade e definir o enquadre terapêutico.
  
  

• Ensinar técnicas de autocontrole emocional para uso imediato.
  
  

• Focar exclusivamente em testes projetivos como ferramenta diagnóstica.

O conceito de transferência, central na técnica psicanalítica, refere-se à repetição, no contexto terapêutico, de padrões afetivos e relacionais vividos pelo paciente em experiências passadas. O analista, consciente dessa dinâmica, utiliza a transferência como via de acesso ao inconsciente, favorecendo interpretações que auxiliem na elaboração de conflitos. Já a contratransferência diz respeito às respostas emocionais do analista frente ao paciente, podendo ser tanto um recurso valioso quanto uma fonte de distorção se não for reconhecida e trabalhada. Essa relação complexa exige do profissional uma postura de atenção flutuante, autoconhecimento e supervisão contínua para que não ocorra o comprometimento do processo.

Diante disso, qual é a utilidade da transferência no processo psicanalítico?

• Evitar o contato com conteúdos inconscientes, focando apenas no presente imediato.

• Reproduzir padrões antigos, oferecendo material para interpretação e elaboração.
  
  

• Controlar o comportamento do paciente por meio de reforços positivos.
  
  

• Substituir a comunicação verbal por técnicas exclusivamente corporais.
  
  

• Neutralizar emoções para impedir qualquer envolvimento afetivo no processo.

O manejo técnico dos sonhos na psicanálise é parte fundamental da atividade interpretativa, pois eles são compreendidos como expressões simbólicas de desejos inconscientes. Desde Freud, a análise onírica busca desvendar o conteúdo latente, oculto por mecanismos como a condensação e o deslocamento, que transformam o conteúdo manifesto em narrativas fragmentadas. O uso de metáforas na interpretação possibilita que o paciente acesse significados profundos, favorecendo o insight e o crescimento mental. No entanto, o analista deve evitar interpretações precipitadas ou excessivamente normativas, respeitando o tempo psíquico do paciente e a sua capacidade de elaboração, a fim de não provocar resistências adicionais.

Qual das alternativas expressa melhor a função da interpretação dos sonhos no tratamento psicanalítico?

• Oferecer respostas rápidas para eliminar sintomas imediatamente.
  
  

• Revelar conteúdos inconscientes e promover elaboração psíquica.

• Confirmar hipóteses diagnósticas estabelecidas previamente.

• Produzir narrativas agradáveis que aliviem momentaneamente a ansiedade.

• Substituir o trabalho de associação livre por uma abordagem diretiva.

Na psicanálise, o trabalho com pacientes que apresentam neuroses, psicoses, transtornos narcisistas ou perversões exige adaptações técnicas sem perder de vista os fundamentos teóricos. No caso das neuroses, o manejo foca na interpretação das defesas e na elaboração dos conflitos inconscientes, enquanto nas psicoses o setting pode ser flexibilizado, considerando a fragilidade do eu. As perversões, por sua vez, são compreendidas não apenas pelo DSM V, mas também pela leitura dinâmica das estruturas psíquicas, incluindo a função que o sintoma desempenha na economia mental do sujeito. Além disso, a clínica psicanalítica pode ser estendida a diferentes contextos, como o atendimento de crianças, adolescentes, casais e famílias, exigindo sensibilidade para adaptar a técnica às particularidades de cada público.

Qual princípio orienta essa adaptação técnica nas diferentes condições clínicas?

• Ajustar a intervenção às necessidades e possibilidades do paciente, preservando os fundamentos da psicanálise.
  
  

• Abandonar completamente as regras técnicas para atender à demanda imediata do paciente.
  
  

• Basear-se exclusivamente em critérios do DSM V para qualquer tipo de intervenção.

• Padronizar o atendimento para garantir uniformidade nas sessões.
  
  

• Evitar modificações no setting, independentemente da estrutura psíquica.

A Psicologia Jurídica é um campo de interface entre a Psicologia e o Direito, no qual o conhecimento psicológico é aplicado para auxiliar na compreensão de questões legais e no suporte à tomada de decisões judiciais. O psicólogo jurídico pode atuar como perito ou assistente técnico, elaborando laudos, pareceres e relatórios psicossociais, sempre com base em instrumentos e metodologias cientificamente validadas. O papel do perito é fornecer subsídios técnicos e científicos ao juiz, sem substituir sua decisão, enquanto o assistente técnico auxilia uma das partes do processo. Esse trabalho exige domínio das normas éticas da Psicologia, compreensão do funcionamento do sistema de justiça e clareza na comunicação, garantindo que os documentos produzidos sejam objetivos e compreensíveis para o público jurídico.

Com base no exposto, a função principal do psicólogo jurídico como perito é:

• Decidir a sentença em conjunto com o juiz.
  
  

• Representar exclusivamente os interesses da defesa.
  
  

• Fornecer subsídios técnicos ao juiz para fundamentar a decisão.
  
  

• Substituir a avaliação médica em casos de doença mental.
  
  

• Acompanhar juridicamente o réu em todas as audiências.

No contexto da Vara da Infância e Juventude, a avaliação psicológica pode ser solicitada em diferentes situações, como na habilitação para adoção, na perda do poder familiar ou em casos de violência doméstica e abuso sexual. Nesses processos, o psicólogo deve investigar aspectos emocionais, cognitivos, sociais e familiares, observando tanto o relato dos envolvidos quanto indicadores comportamentais e contextuais. Na habilitação à adoção, por exemplo, a avaliação busca compreender a motivação dos candidatos, a estabilidade emocional e a capacidade de oferecer um ambiente adequado à criança. Essas avaliações devem ser conduzidas com rigor técnico, sensibilidade e respeito ao princípio do melhor interesse da criança e do adolescente.

Qual é o objetivo central da avaliação psicológica no processo de habilitação à adoção?

• Identificar possíveis transtornos mentais na criança.
  
  

• Investigar a motivação e a capacidade dos candidatos para oferecer um ambiente saudável.
  
  

• Decidir qual família deve adotar a criança sem a participação do juiz.
  
  

• Garantir que os adotantes tenham a mesma religião que a criança.
  
  

• Evitar qualquer tipo de contato prévio entre adotantes e criança.